Ontem foi a formatura do meu filho na educação infantil. Até aí, nada demais muitos podem pensar. Não era uma faculdade, nem um mestrado ou doutorado. Era apenas o final da educação infantil. Crianças de 5 e 6 anos cantando músicas e recitando versos, todas vestidas de branco. Simples e singelo.
Acho interessante pensar que muita gente julga este fato como banal – pois para mim não é. Eu me lembro claramente da minha formatura na educação infantil. Era algo muito esperado pelas crianças da escola na qual estudei, porque havia uma “grande” apresentação. Cantávamos músicas com diversos instrumentos (eu toquei triângulo!) e apresentações: eu (pasme!) me vesti de baiana, com uma fantasia que minha avó paterna fez às pressas porque eu tinha me confundido ao dizer na escola que já tinha o traje (na verdade o que eu tinha era uma saia de havaiana que usei com minhas primas num bloco de carnaval…). Ao final, lembro-me bem da minha mãe e da minha avó sorrindo, do meu canudo vermelho com o “diploma” e da musiquinha “Adeus Jardim Encantado, escola que fui feliz…” Até outro dia, no Facebook, várias amigas da época do Jardim Encantado recordaram – e se comoveram – com a mesma musiquinha . Hoje somos mulheres “formadas”, cada uma faz uma coisa e mora em um lugar – mas a lembrança e a emoção da formatura na educação infantil ficou em nós.
Além disto, ontem para mim foi uma estréia no papel de “mãe de formando“. Apesar do pequeno ser meu caçula, nunca tínhamos passado por uma formatura. Minha filha mudou de escola antes da “formatura oficial” – que , no caso da escola anterior, acontecia ao final do primeiro ano e não no infantil. Ou seja, saiu de uma antes do fim e começou o ciclo em outra que já havia celebrado. Paciência.
Era para ser.
Ou melhor, era para eu estrear neste mètier de “mãe de formando” com o meu filho.
O pequeno não é a pessoa de mais fácil compreensão neste mundo. Tem aqueles olhos grandes e envolventes, pelos quais passam muitas coisas. Muito inteligente, despachado, mas ao mesmo tempo tímido e muito fechado. Se abre e se mostra somente com quem ele confia – e estes são poucos. Já me pregou alguns sustos e deixou por vezes meu coração na mão. Parafraseando a Tatá Werneck e sem julgamentos de valor, foi com ele que eu realmente aprendi a ser mãe, com desafios constantes, pois com a pequena eu praticamente apertei o “play” da função.
E não é que ele, no meio de tantas facetas, me mostrou uma das mais surpreendentes ontem, no meio da tal formatura? Ele, que é tão sapeca e tão despachado, que já havia cantado todas as músicas da festa para a família (e ao final sempre arrematava com um “batam palmas!“) ficou inebriado de emoção, durante toda a cerimônia. Começou curioso, quando entrou com todos os amigos e se viu diante da platéia de pais, mães e avós munidos de smatphones para registrar tudo (eu inclusive). Procurou por algum porto seguro e soltou uma frase aliviada quando viu minha sogra na platéia: “A minha avó está aqui!“. Dali em diante, o que vimos foi pura emoção. Quando voltou para cantar, sentado em um banco, acompanhado de todos os seus amigos, caiu a ficha. A voz embargou, o rosto ficou entre o choro e a expressão séria, naquele vai e volta. Acho que dentro dele, a vontade era de fugir dali. Mas segurou a onda sentado, com os pés em movimentos impacientes. Cumpriu seu dever com todas as forças que tinha, muito, muito emocionado. Fechou com chave de ouro um ano que foi difícil para nós três (pai, mãe e filho), no qual embarcamos juntos em uma montanha russa de fortes emoções e saímos mais unidos e felizes.
Filho, você provou para sua mãe e para amigos queridos que, apesar da pouca idade, já é um grande homem.
Continue assim, eu te amo.
NOTA: A postagem era para falar sobre fotografar com pequenas placas indicativas, como as lousas que usei para marcar a data da formatura do pequeno e da apresentação de circo da filhota. Podem ser feitas em papel também – uma ideia é utilizar formatos como de balões de fala de história em quadrinhos. Estas pequenas marcas são bacanas para organizarmos melhor as nossas fotos em datas especiais (olha a ideia aí para o Natal e o Reveillon que se aproximam). Ou seja, e voltando ao assunto: a postagem era para falar de fotos com placas, mas não havia como ignorar uma história tão cheia de sentimento e não deixá-la registrada aqui.
Grande beijo